terça-feira, 8 de junho de 2010

Reflexão


Ao princípio não gostei muito da ideia de trabalharmos em blogue, pois achei que não tinha nada de mais e não queria estar a criar contas online.
Depois comecei a habituar-me à ideia, comecei por arranjar o blogue à minha maneira, e até gostei da ideia lá bem para a frente.
Com este blogue aprendi a editar e arranjar blogues, a publicar mensagens e fazer UPLOADS. Percebi algumas coisas que não entendia no âmbito da disciplina de Português, como por exemplo as tipologias textuais, alguns termos do glossário e algumas categorias do texto narrativo.
Penso que não há aspectos específicos para aperfeiçoar.
Se for a mesma professora para o ano, acho que poderíamos continuar com esta actividade. Não tenho ideias para actividades futuras.

terça-feira, 1 de junho de 2010

Características do Resumo e Síntese



Resumo

Os conceitos – chave para elaborar um bom resumo são:

Seleccionar – suprimir palavras ou frases que refiram pormenores secundários: comentários, exemplos, citações, expressões e frases redundantes;
Generalizar – recorrendo a hiperónimos, sinónimos ou expressões englobantes com valor anafórico;
Reduzir – redundâncias, perífrases, orações inteiras a adjectivos, a complementos, a determinantes, pronomes ou advérbios;
(Re)construir – transformar frases simples com complexas ou substituir um conjunto de frases por uma só que as inclua.

Resumir é reduzir um texto às suas partes mais importantes, usando palavras claras e precisas. Partindo do texto a resumir, deve proceder-se da seguinte forma:

1. Compreender o texto original – preparar o resumo
• Ler atentamente o texto e compreender o seu conteúdo;
• Sublinhar as ideias principais do texto, atendendo à progressão de informação;
• Identificar as partes que o configuram;
•Determinar as relações entre as diferentes ideias (causa, consequência…),tendo em conta as diversas partes do texto;
• Anotar na margem, de forma sintética, a informação essencial e principal de cada um dos parágrafos.

2. Construir um novo texto – redigir o resumo
• Seleccionar as ideias ou factos essenciais do texto original que farão parte do resumo;
• Suprimir as palavras e frases referentes a ideias ou factos secundários;
• Substituir fragmentos do texto original de frases que tornem mais económica a expressão, nomeadamente reduzindo as orações subordinadas a nomes, adjectivos, etc.;
• Redigir o resumo, respeitando as seguintes regras:

- Respeitar a ordem pela qual as ideias ou factos são apresentados no texto original;
- Não usar discurso directo;
- Manter os tempos e as pessoas do texto original;
- Respeitar o número de palavras proposto, ou, caso não haja imposição prévia, apontar para cerca de ¼ do texto original;
- Articular as frases e os parágrafos, através de conectores, respeitando o texto de partida.


Síntese

Embora se aproxime muito do resumo, e, portanto, as regras para a sua preparação e redacção sejam semelhantes, a síntese – a que se chama, por vezes, resumo critico – tem as suas especificidades:

• É menos impessoal do que o resumo, pois é redigida na 3ª pessoa, com indicação do nome dos autores, e é dirigida ao leitor apresentado um carácter apreciativo, pois permite que se destaquem as intenções do autor;
• Embora mantenha a neutralidade e a fidelidade na reconstituição das ideias do texto original, confere maior liberdade na ordem e na organização das ideias;
• Usa-se, com frequência, para comparar vários textos entre si, dando-se, nesse caso, maior relevo à confrontação dos textos do que à reconstituição exaustiva das ideias dos textos – base.

terça-feira, 25 de maio de 2010

Características das Tipologias Textuais



Romance: narração de um fato imaginário, mas verosímil, que representa quaisquer aspectos da vida familiar e social do homem. Comparado à novela, o romance apresenta um corte mais amplo da vida, com personagens e situações mais densas e complexas, com passagem mais lenta do tempo. Dependendo da importância dada ao personagem ou à acção ou, ainda, ao espaço, podemos ter romance de costumes, romance psicológico, romance policial, romance regionalista, romance de cavalaria, romance histórico, etc.

Novela: na literatura em língua portuguesa, a principal distinção entre novela e romance é quantitativa: vale a extensão ou o número de páginas. Entretanto, podemos perceber características qualitativas: na novela, temos a valorização de um evento, um corte mais limitado da vida, a passagem do tempo é mais rápida, e o que é mais importante, na novela o narrador assume uma maior importância como contador de um fato passado.

Conto: é a mais breve e simples narrativa centrada em um episódio da vida. O crítico Alfredo Bosi, em seu livro O conto brasileiro contemporâneo, afirma que o carácter múltiplo do conto "já desnorteou mais de um teórico da literatura ansioso por encaixar a forma conto no interior de um quadro fixo de géneros. Na verdade, se comparada à novela e ao romance, a narrativa curta condensa e potencia no seu espaço todas as possibilidades da ficção".

Glossário de Termos Literários


Acção – sequência de acontecimentos, relacionados entre si, que compõem um texto narrativo ou dramático. A acção é um elemento dinâmico – evolui – e só pode ser entendida quando situada no tempo e no espaço.

Acção principal – conjunto dos momentos fulcrais de história que garantem a sua progressão; a supressão de qualquer destes momentos põe em causa a coerência da própria história.

Acção secundária – acontecimento que está relacionado com a acção principal e que se desenrola paralelamente à acção central e que mantém em relação a ela uma posição de subalternidade, cabendo ao narrador estabelecer essa relação hierárquica.

Analepse – processo narrativo, também designado por flashback, que consiste no relato de acontecimentos anteriores ao presente da acção e em alguns casos, mesmo anteriores ao seu início.

Antagonista – personagem que, num texto narrativo ou dramático, se opõe a outra, normalmente ao protagonista ou herói.

Assunto – breve resumo onde se conservam os pormenores mais importantes das ideias desenvolvidas no texto.

Autobiografia – género narrativo em prosa em que o autor real, que é simultaneamente a personagem principal, relata retrospectivamente a sua vida.

Autocaracterização – explicação dos atributos da personagem por ela própria (auto - retrato).

Autor – pessoa que produziu alguma obra literária, artística ou cientifica. É uma entidade real. Não deve confundir-se com narrador.

Biografia – género narrativo em prosa cujo objecto é o relato da vida de uma pessoa ou de uma personagem; narração oral, escrita ou visual dos factos da vida de alguém.

Caracterização directa – discrição explicita dos atributos das personagens, que pode ser feita pelo narrador, pela própria personagem ou por outra personagem.

Caracterização indirecta – ausência de discrição explicita dos atributos das personagens, sendo a sua caracterização deduzida a partir dos seus comportamentos ou linguagem.

Comentário - intervenção do narrador no discurso do texto narrativo, em articulação com a narração de eventos ou com uma descrição, mas com marcas formais e semânticas próprias. Os comentários do narrador podem fazer parte de uma digressão, mas não se identifica necessariamente com esta.

Conotação - característica fundamental do texto literário, expressa na linguagem figurada, pela qual se desenvolve um conjunto de sentidos que fogem a uma única significação de cada termo.

Contexto - termo linguístico que designa tanto as palavras que pertencem a um determinado enunciado como a realidade a que as palavras se referem (contexto extra-verbal). Na análise de um texto literário, o contexto diz respeito à realidade sócio-histórico-cultural em que a acção se insere.

Desenlace – momento em que o curso dos acontecimentos se altera, determinando o final feliz ou infeliz da acção.

Espaço – os componentes físicos que servem de cenário ao desenrolar da acção e à movimentação das personagens; pode ainda ser entendido num sentido mais lato, compreendendo a quer atmosferas sócias (espaço social), quer psicológicas (espaço psicológico).

Estrutura externa – refere-se à “forma” de texto literário, à disposição gráfica e aos níveis fonético, morfológico e sintáctico. Designa também a divisão formal de um texto.

Estrutura interna – refere-se ao conteúdo de texto, aos elementos intrínsecos geradores de sentido (s) ou ainda à divisão de um texto em partes lógicas.

Focalização - ciência do narrador ou de uma personagem quanto ao conhecimento que detém da acção.

Focalização Externa - o narrador sabe apenas o que vê; o seu conhecimento incide sobre as características observáveis de uma personagem, de um espaço ou de uma cena.

Focalização Interna - instauração do ponto de vista de uma personagem que resulta na restrição dos elementos informativos transmitidos. O narrador apaga-se e o que prevalece é a visão que a personagem detém sobre as outras personagens, espaços ou acontecimentos, sendo assim limitada pela capacidade de conhecimento da própria personagem.

Focalização Omnisciente - o narrador conhece todo o objecto da narração e detém o máximo de informação sobre as personagens, penetrando no seu íntimo, e sobre o evoluir dos acontecimentos.

Narrador - ser virtual criado pelo autor a quem cabe a tarefa de enunciar o discurso narrativo, organizar o modo de narrar e decidir do ponto de vista a adoptar; é ao narrador que cabe a configuração do universo diegético. Quanto à presença, o narrador classifica-se como:

Autodiegético - narrador coincidente com o protagonista ou o herói;
Heterodiegético - o narrador não participa como personagem na história narrada;
Homodiegético - o narrador participa na história narrada, mas não como protagonista.

Narratário - termo introduzido na narratologia para designar a instância ficcional, inscrita no texto, à qual é endereçado o discurso produzido pelo narrador.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Conto de Autor - Retrato de Mónica


Mónica é uma pessoa tão extraordinária que consegue simultaneamente: ser boa mãe de família, ser chiquíssima, ser dirigente da «Liga Internacional das Mulheres Inúteis», ajudar o marido nos negócios, fazer ginástica todas as manhãs, ser pontual, ter imensos amigos, dar muitos jantares, ir a muitos jantares, não fumar, não envelhecer, gostar de toda a gente, gostar dela, dizer bem de toda a gente, toda a gente dizer bem dela, coleccionar colheres do séc. XVII, jogar golfe, deitar-se tarde, levantar-se cedo, comer iogurte, fazer ioga, gostar de pintura abstracta, ser sócia de todas as sociedades musicais, estar sempre divertida, ser um belo exemplo de virtudes, ter muito sucesso e ser muito séria.

Tenho conhecido na vida muitas pessoas parecidas com a Mónica. Mas são só a sua caricatura. Esquecem-se sempre ou do ioga ou da pintura abstracta.

Por trás de tudo isto há um trabalho severo e sem tréguas e uma disciplina rigorosa e constante. Pode-se dizer que Mónica trabalha de sol a sol.

De facto, para conquistar todo o sucesso e todos os gloriosos bens que possui, Mónica teve que renunciar a três coisas: à poesia, ao amor e à santidade.

A poesia é oferecida a cada pessoa só uma vez e o efeito da negação é irreversível. O amor é oferecido raramente e aquele que o nega algumas vezes depois não o encontra mais. Mas a santidade é oferecida a cada pessoa de novo cada dia, e por isso aqueles que renunciam à santidade são obrigados a repetir a negação todos os dias.

Isto obriga Mónica a observar uma disciplina severa. Como se diz no circo, «qualquer distracção pode causar a morte do artista». Mónica nunca tem uma distracção. Todos os seus vestidos são bem escolhidos e todos os seus amigos são úteis. Como um instrumento de precisão, ela mede o grau de utilidade de todas as situações e de todas as pessoas. E como um cavalo bem ensinado, ela salta sem tocar os obstáculos e limpa todos os percursos. Por isso tudo lhe corre bem, até os desgostos.

Os jantares de Mónica também correm sempre muito bem. Cada lugar é um emprego de capital. A comida é óptima e na conversa toda a gente está sempre de acordo, porque Mónica nunca convida pessoas que possam ter opiniões inoportunas. Ela põe a sua inteligência ao serviço da estupidez. Ou, mais exactamente: a sua inteligência é feita da estupidez dos outros. Esta é a forma de inteligência que garante o domínio. Por isso o reino de Mónica é sólido e grande.

Ela é íntima de mandarins e de banqueiros e é também íntima de manicuras, caixeiros e cabeleireiros. Quando ela chega a um cabeleireiro ou a uma loja, fala sempre com a voz num tom mais elevado para que todos compreendam que ela chegou. E precipitam-se manicuras e caixeiros. A chegada de Mónica é, em toda a parte, sempre um sucesso. Quando ela está na praia, o próprio Sol se enerva.

O marido de Mónica é um pobre diabo que Mónica transformou num homem importantíssimo. Deste marido maçador Mónica tem tirado o máximo rendimento. Ela ajuda-o, aconselha-o, governa-o. Quando ele é nomeado administrador de mais alguma coisa, é Mónica que é nomeada. Eles não são o homem e a mulher. Não são o casamento. São, antes, dois sócios trabalhando para o triunfo da mesma firma. O contrato que os une é indissolúvel, pois o divórcio arruína as situações mundanas. O mundo dos negócios é bem-pensante.

É por isso que Mónica, tendo renunciado à santidade, se dedica com grande dinamismo a obras de caridade. Ela faz casacos de tricot para as crianças que os seus amigos condenam à fome. Às vezes, quando os casacos estão prontos, as crianças já morreram de fome. Mas a vida continua. E o sucesso de Mónica também. Ela todos os anos parece mais nova. A miséria, a humilhação, a ruína não roçam sequer a fímbria dos seus vestidos. Entre ela e os humilhados e ofendidos não há nada de comum.

E por isso Mónica está nas melhores relações com o Príncipe deste Mundo. Ela é sua partidária fiel, cantora das suas virtudes, admiradora de seus silêncios e de seus discursos. Admiradora da sua obra, que está ao serviço dela, admiradora do seu espírito, que ela serve.

Pode-se dizer que em cada edifício construído neste tempo houve sempre uma pedra trazida por Mónica.

Há vários meses que não vejo Mónica. Ultimamente contaram-me que em certa festa ela estivera muito tempo conversando com o Príncipe deste Mundo. Falavam os dois com grande intimidade. Nisto não há evidentemente, nenhum mal. Toda a gente sabe que Mónica é seriíssima toda a gente sabe que o Príncipe deste Mundo é um homem austero e casto.

Não é o desejo do amor que os une. O que os une e justamente uma vontade sem amor.

E é natural que ele mostre publicamente a sua gratidão por Mónica. Todos sabemos que ela é o seu maior apoio; mais firme fundamento do seu poder.


Sophia de Mello Breyner Andresen

Conto Popular - As Irmãs Gagas


Uma mãe tinha três filhas e todas eram tatas. Para fazer que elas não perdessem casamento, disse-lhes:
- Meninas, é preciso estarem sempre caladas quando vier aqui a casa algum rapaz. Doutro modo, nada feito!
De uma vez, trouxe-lhes um noivo para ver se gostava de alguma delas, e tinha-se esquecido de repetir a recomendação às filhas. Estavam, pois, elas na presença do noivo, que ainda não tinha dado sinal para quem ia a sua simpatia, quando uam delas sentiu chiar o lume. E logo disse muito lampeira:
- Ó mãe, o tutalinho fede (isto é: «O pucarinho ferve»)!
Diz dali a outra irmã:
- Tira-le o této e mete-le a tolé (isto é: «Tira-lhe o testo e mete-lhe a colher»).
A última, zangada por ver que as irmãs não obedeciam à habitual recomendação da mãe, exclamou:
- A mãe nam di que não falará tu? Pois agora não tasará tu (isto é: «A mãe não disse que não falarás tu? Pois agora não casarás tu)!
O noivo, assim que viu que todas elas eram tatibitate, desatou a rir e fugiu pela porta fora.

sexta-feira, 7 de maio de 2010